quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Campanha 2008

O aperreio é pelo volume. É muito, em muito pouco tempo. A gente sofre, dorme pouco e mal, mas o resultado é bom. E a gente ri, ri demais (Graças). Faço porque acredito, isso eu já disse aqui. Faço porque gosto, quem me conhece, sabe.

O difícil mesmo é administrar tantas pessoas. Tantos egos e quereres diferentes. O bom mesmo é conhecer gente nova e aprender tanto. A delícia mesmo é ver o quanto que a cidade mudou. E lá vai a gente mudando junto e inovando sempre que a gente pode!

O certo mesmo é que dia 05 de outubro acaba, ou tem prorrogação que tem um apito final alguns dias depois. E para quem não sabe, o mais certo ainda, é que quando tudo isso acabar, as pessoas continuam iguais! Independente de quem ganhe!

domingo, 27 de julho de 2008

Presente

Quando aqui chegamos, a casa parecia vazia. Não era lá muito engraçada. Uma mansão como outra qualquer, tinha teto e tinha seu Beba. O caseiro. Ele mora aqui, no quartinho dele com a seguinte decoração: geladeira, televisão com antena, um cama com colchão e lençóis devidamente surrados pelos anos de uso.

Aos poucos isso aqui virou uma ocupação. Fomos chegando, definindo espaços e criando laços. Ele sempre muito cuidadoso. Com seus olhos trocados, sofridos com o estrabismo, confunde o entendimento dos desavisados de sentimento.

No último dia 22, completei 30 anos. De presente, um bolo com o clássico parabéns e uma surpresa: Seu Beba com um buquê de flores, um vestidinho da Maria da Silva e um discurso:
- Dona Carol, eu tô aqui falando por todo mundo, vi? Esse é um presente de todo mundo pra senhora...

Esse foi o pedaço que eu ouvi, ele falou mais, só que dos meus olhos e do meu coração saltaram lágrimas diante de tamanho afeto e delicadeza. Dei graças a Deus por conhecer pessoas novas. Dei graças a Deus por ter saúde e alegria. Dei graças a Deus por me emocionar sempre com gente assim feito seu Beba que faz com que a gente acredite sempre que o mundo pode ser melhor. Dei, também, um abraço imenso nele e ganhei um maior ainda.

O mundo às vezes parece rude. Mas não há de ser nada não, se olhar trocado feito seu Beba, sorrir um sorriso doce feito o dele, tudo pode ficar mais leve.

Para Seu Beba e toda a equipe da Almada

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Acendendo outras fogueiras

No São João não teve fogueira nem balão. Em Japaratinga o luar foi igualzinho ao do sertão e as estrelas todas estavam lá. Verdade que uma ou duas se largavam do firmamento e iam bater no mar. Aproveitei pra fazer pedido, que ninguém é besta ()

Fomos lá pra Pousada DoZé Cabanas. Eu, o Nego e a Sogra. Leusinha e Cesinha também foram com Davi e toda a imaginação que uma criança é capaz de ter! Ficamos na total bobeira do universo curtindo o sono, a comida, o livro e muita conversa fiada.

Engraçado foi no primeiro dia a sogra dizer: filha, minha cabeça já está vazia! Como é bom esvaziar a cabeça do cotidiano pra encher de outras coisas. Boas, ruins, tanto faz como tanto fez, ou simplesmente nada.

Foi ótimo passar esses dias juntos. Sogra é uma coisa que muita gente não gosta de ter. Eu gosto muito da minha. Guerreira, batalhadora, simples e com um gás sem igual. Começou a trabalhar dando aula no antigo MCP (antes da “ revolução de 64” ) e acabou de se formar em mais um curso superior e, ainda, trabalha 3 expedientes. Tudo isso não denuncia os sessenta e lá vai chumbo.


Ficamos catando conchas, mangando um do outro, fofocando. O filho, que no caso é meu Nego, ficou foi dengando. Suas duas mulheres. Ninguém precisou falar da alegria daquele tempo juntinho, fortalecendo as relações. As mãos dadas denunciavam. Fazia tempo que a gente não ficava assim. Conversando, dormindo e acordando. Contando histórias de quando cada um, o mundo de cada um, ou o mundo simplesmente era de um jeito que a gente viveu. Dividindo o passado, no presente delicia. Preparando o corpo e a alma para o rojão que está porvir.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Antes Jacaré, agora coisa de novela


Eles moravam no canal. Isso. Alguns na beira e a maioria dentro. Isso. Dentro do canal. Eles não sabiam o que era conta (de luz e de água), mas também a única água que chegava lá era a do canal quando ele subia. Junto com a água: cocô, cobra, escorpião rato e tudo mais. De vez em quando tinha bebê que caía no canal e morria afogado. Isso, morria. Isso mesmo, um bebê.

Agora eles moram num duplex com sala, cozinha, banheiro e dois quartos. Agora água, só encanada. Mas também a conta vem. Eles acham que está tudo bem melhor e estão sonhando que agora com esse danado desse endereço, fique mais fácil subir na vida, ter um emprego e ser feliz.

O nome do lugar é Jacarezinho, mas por conta da televisão, já foi auto-nomeada da Portelinha. As bocas são duas: uma maior e outra menorzinha. Agora pra comprar droga tem asfalto até a frente do duplex. Coisa chique. Até pra vender droga melhorou.

O sábado na Portelinha é festa. Alegria, cerveja, som alto, briga de garrafa, bêbados, crianças jogando bola e andando de bicicleta. Sim, meninas pulando elástico. Eles parecem felizes. Dos que entrevistei, o rosto está mais brilhoso. Tudo isso porque agora tem direito à moradia.

Aquilo que o as pessoas tem direito. Habitação, saúde, educação... Enfim. O Governo não fez mais do que sua obrigação, ainda bem que fez, é verdade. Outro dia ouvi na radio um advogado dizendo: a lei é ótima, dá até pra cumprir. Quem pode com isso?

terça-feira, 15 de abril de 2008

Por causa de “voxê”, menino

Porque tudo ficou mais colorido depois que ele chegou (e eu gosto muito de cor). Porque a gente pega na mão um do outro e vai. Porque o olho dele faísca quando me vê e porque ele me faz rir.

Porque quando eu acordo ele com cuidado, ele é quem ri e porque ele me faz de travesseiro para dormir. Porque ele tem o ombro e o coração largos, porque ele é justo. Justamente do jeitinho que eu acho lindo. Porque ele é mandão e eu me abuso, e ele se abusa do meu abuso e a gente manga disso.

Porque a gente concorda que o melhor lugar do mundo é a nossa cama com a gente abraçado. Porque ele abraça. Muito. Porque ele gosta de ouvir música enquanto toma banho e depois ele fica dançando sozinho no quarto.

Porque ele me respeita e torce por mim. Porque ele respeita tudo isso que é a gente junto. Por isso tudo é que o meu coração fica se bulindo mais forte só de pensar nele. Porque a gente quer ter filhos e viver tranqüilos com a nossa família até a gente ficar velhinhos.

Feliz aniversário, meu amor

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Do sofá aos 5km no Sítio

Eu adoro correr! Pesadinha que sou, sempre achei que seria impossível colocar um pé na frente do outro e acelerar. Antes de casar (justo pra perder uns quilinhos) me dediquei bastante aos exercícios e comecei a correr. Cheguei aos 5km, linda!!!

Tudo ficou melhor, de dormir a acordar! Tudo massa. Perdi peso, fiquei toda disposta, enfim tudo às mil maravilhas até que a preguiça se apodera de você novamente e aí tudo vira desculpa. Muito sol, muita chuva, muito carro, poucos passarinhos, insônia, dor nos quartos, economia, ufa! Qualquer coisa pra não suar.

Há uns dias senti necessidade de voltar a correr. Pra casar com isso, Get chegou todo empolgado que já tava correndo os fatídicos 5km. Ele tinha um treinamento pra voltar a ter resistência: do sofá aos 5km. Bem, comecei a fazer e estou adorando.

Além da corrida, adotei um novo lugar: o Sítio da Trindade. Que coisa maravilhosa é aquela pista. Sem tanta gente da Jaqueira, sem tanto carro da Praça de Casa Forte e com muitos passarinhos... Por enquanto essas são as vantagens. Espero que a tenebrosa preguiça não se apodere e que eu não comece a colocar defeitos no lugar.

Fiquei viajando que ele sempre esteve ali. Faz 7 anos que moro praquelas bandas e só tinha ido lá uma vez e não vi tanta graça como agora. Numa das minhas voltas fiquei pensando em outros locais que eu poderia ir pra gostar. Lembrei do Buraco da Velha e Brasília Teimosa que a água é tão transparente que dá pra ver os peixinhos, lembrei de um almoço romântico pra fazer no bistrô da Oficina Brennand... Fiquei pensando que assim como gente, a cidade também pode ser sempre redescoberta.
Para o portão de trás do Sítio, que está sempre aberto!

terça-feira, 1 de abril de 2008

Porque gente forte é coisa mais linda de ver

Quanta delicadeza pra se ouvir, quanta história pra dizer. Porque é no povo mais calejado pela dureza da injustiça social desse país, é nessa gente, que está a alma brasileira. Pessoas que não têm medo da vida; quiçá temem a morte. Que enfrentam o sol, a chuva e o sereno, a falta do que comer e beber, pra lutar. Pra fazer.

São pessoas que têm alma, que sabem exatamente o valor da luta. Que tem força e mobilizam os iguais. Que sabem que juntos são mais fortes e mais capazes - esses clichês que todos sabem, mas poucos são os que utilizam.

Dona Conceição, que batizou a comunidade de Abençoada Por Deus (na bairro da Torre), é uma delas. Fiz com ela uma entrevista para um documentário que foi apresentado ao presidente Lula no evento do PAC aqui em Recife e, graças a Deus, me emocionei. Dona Conceição, junto com 428 moradores irão receber seus apartamentos que já estão praticamente prontos. Dona Conceição está na casa dos 50. Faz 13 anos que luta junto Rosa (mãe solteira de quatro meninas) para realizar o sonho de morar numa casa com banheiro e sem ratos e baratas, se torne realidade.

Um endereço que ela possa receber visita. Um lugar que ela possa deixar pros netos. Um lugar pra deitar a cabeça no travesseiro e dormir em paz, sem medo da chuva e do rio subir. O apartamento de Dona Conceição não é só um lugar. É um lar. A chave de Dona Conceição representa dignidade. Representa a mudança na vida dela e de mais um monte de brasileiros. Uma mudança lenta e gradual. Uma mudança que fará do nosso país um lugar mais justo.

Eu me orgulho de comunicar um pouco dessa mudança. Vou poder contar pros meus netos que participei disso. Não queria falar de política aqui, mas como esse espaço é isso que estou vivendo, não consigo me omitir. Os governos Lula e João Paulo podem ter inúmeros defeitos. Mas a maior qualidade nunca antes vista ninguém pode negar. A cidade e o país estão mudando.

As pessoas que não tinham vez nem voz estão ganhando dignidade. Que o diga Dona Conceição, Salete lá do Brasil Alfabetizado, Sr Antônio do Morro do Visgueiro que hoje deixa o ventilador desligado pra ouvir o barulho da chuva porque sabe que tá seguro. Que o diga Dona Chica que batizou a avenida de Brasília Formosa, Lucy que tem 5 filhos no bolsa escola e comprou um freezer pra vender umas coisinhas em casa e hoje não precisa mais do benefício. Seu Cícero, Mc Artur, Zal de Afogados e tantos outros mais que carregam um olhar de brilho capaz de ofuscar os que não têm. Vê, basta reparar bem!

Aí vai o link, se vcs quiserem ver a carinha de Dona Conceição
http://www.youtube.com/watch?v=aZ0rYIsvm5E

segunda-feira, 17 de março de 2008

Flores de março


Foi domingo, com o pé de cachimbo e tudo que a danada saiu. Eu já estava esperando, já tinha visto que ela se anunciava. O broto ameaçava abrir. Acompanhei ele chegando, crescendo... Que a minha varanda fosse um quintal de Alceu, ela vinha como na bruma leve das paixões que vêm de dentro. Lá saiu a rosinha, toda linda da cor de champagne.

A flor é o órgão sexual nas plantas, a função dela é assegurar a reprodução (viva o wikipédia). Claro que eu não me lembrava disso. Já não era tão chegada nas aulas de biologia, avalie 15 anos depois...

Bem, a questão é que fiquei boba de alegria com a florzinha. Quem acompanha o blog sabe bem que eu não sou muito jeitosa com plantas e pra mim aquilo foi uma vitória. Também fiquei besta com a simplicidade dessa alegria. Que coisa mais besta: ficar podre de feliz com uma rosinha.

Empolgada com a situação da minha estrondosa carreira na jardinagem, fui remexer na terra, colocar adubo, podar o manjericão e a hortelã. Reciclei um móvel numa casa de móveis velhos pra colocá-las lá. Toda, toda. Peguei na terra, troquei energia e alegria e fiquei ali na varanda admirando as plantas e paquerando o Nego lendo jornal. Tive a certeza que estava no lugar certo, na hora certa, com as companhias certas e tendo certeza que aquele é o melhor lugar do mundo!

E viva os pequenos prazeres!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Reciclar

Eu tenho parte com doar. Quando o guarda-roupa vai ficando cheio (ou as roupas vão apertando), eu faço uma sacolona e faço a feira das amigas. Além das amigas, a minha sogra (que é quem tem mais parte com doar que eu conheço), leva para a comunidade para um bazar dos R$ 0,50.

Também tenho parte com roupas, livros e CD’s usados. Adoro um brechó, um sebo e a banca de CD’s que só vende “orige”. Foi lá atrás do banco Safra que consegui o maravilhoso Rodésia de Tim Maia e presenteei o meu Nego Nu, que guarda o bicho com todo o cuidado do mundo.

No meu derradeiro dia de folga, passei lá no sebo. Fiz a festa. Um monte de livros por 10, 15 e no máximo vintinho. Todos novinhos em folha. Cada um com a assinatura de uma pessoa. Paulo, 1997; Ana, 2006 e por aí vai. Adoro. Quando começo a ler fico pensando no que será que Paulo, que já esteve com aquele livrinho na mão, pensou nos idos de 1987. Será que ele ainda está vivo? Será que ele gosta desse livro assim como eu? Como ele é cuidadoso, o rapaz.

Penso que não tenho o desprendimento de Paulo pra repassar o livro, mesmo que vendendo barato. Com livros e Cd’s, não consigo me desfazer e mais ainda, confesso que gosto de tê-los. Morro de pena de não ter os exemplares das Brumas de Avalon que devorei no auge da minha adolescência.

Acho maravilhosa a idéia de usar coisas usadas. Do livro lido, da música ouvida e da roupa usada. Solto a imaginação! Também confesso que acho ótimo isso de reciclar as coisas e não tenho problema nenhum de ter alguma coisa usada. Pra mim, usado é quase igual ao novo, só que melhor que vem com uma história.

Doar coisas é fácil, é só colocá-las na sacola e repassar. Há quem diga que doar amor, ou se doar, é difícil. Pode ser. Mas também é mais prazeroso. Ama mais, quem ama mais! E reciclar? Reutilizar coisas também é muito fácil. Difícil mesmo é reciclar sentimento sofrido. Pode ser. Mas também é mais prazeroso. Ama mais, quem ama mais!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Atento e forte

Folga! Apenas alguns dias sem precisar atender telefone, em contato com a natureza e dormindo até o olho querer abrir sozinho, lavaram minha alma. Depois do carnaval pedi pinico e fiquei sexta, sábado, domingo, segunda e terça em Serrambi com meu Gordinho, e na quarta nos afazeres cotidianos de beleza para o corpo (salão e exames médicos), para a mente (livraria e brincar com Bia) e não tão felizes para o bolso (banco). O resultado é uma mulher mais tranqüila, renovada e que prestou um pouco mais de atenção nas coisas para poder escrever aqui. E esse é o tema de hoje: atenção.

O blog é uma ajuda diária para você prestar atenção, desenvolver a sensibilidade para atinar pra um monte de coisas que passam despercebidos na rapidez das horas. Na vida da pessoa, atenção ao carinho não respondido e ao recebido; atenção à chamada à atenção dos pais de um jeito sutil que só depois você vai entender. Atenção ao pedido de ajuda do amigo, atenção. Atenção ao beijo e abraço de amor, atenção e respeito.

Olha o sinal amarelo lá da vida de outra pessoa gritando pra você e na correria só dá pra obedecer o sinal da rua. Olha lá, as pessoas sinalizando que te amam e como e tanto e quanto, que mesmo em face do maior encanto, você não consegue ver.

Olha, presta atenção vê que manhã florida, cheia de coisas maravilhosas (como diria Tim). Vê que legal aquele ninho que o pardal fez no sinal, sinalizando que precisamos cuidar da ninhada. Alimentar, dar carinho e ensinar a voar e depois, deixar que ele o faça. Sem esquecer de dizer que os melhores ventos sopram na direção do bem.

Olha que sorriso lindo a da menina do caixa da padaria. Ih, o caixa do banco nem tanto... parece que o dinheiro tirou a atenção dele. E ainda de tantos!

Presta atenção meu povo, que a vida é breve. Presta atenção pra eternizar o sentimento vivido, ama, ama bem muito que no dia que a onça desdentada chegar querendo levar a gente, não tem choro nem reza, não tem dinheiro que compre. Ela vem e leva a gente na dança que ninguém quer dançar, mas que é a única valsa que a gente sabe que vai bailar na vida.

Para Keka, sempre atenta e forte!

Divino Maravilhoso
Caetano Veloso

Atenção ao dobrar uma esquina
Uma alegria, atenção menina
Você vem, quantos anos você tem?
Atenção, precisa ter olhos firmes
Pra este sol, para esta escuridão
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte (2x)
Atenção para a estrofe e pro refrão
Pro palavrão, para a palavra de ordem
Atenção para o samba exaltação
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte (2x)
Atenção para as janelas no alto
Atenção ao pisar o asfalto, o mangue
Atenção para o sangue sobre o chão
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte