quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Pra Painho

Pense n’eu
Luiz Gonzaga

Pense n'eu quando em vez coração
pense n'eu vez em quando
onde estou, onde estarei
se sorrindo ou se chorando
se sorrindo ou se chorando
pense n'eu... vez em quando
pense n'eu... vez em quando

Tô na estrada, tô sorrindo apaixonado
pela gente e pelo povo do meu país
olêlê


Tô feliz pois apesar do sofrimento
vejo um povo de alegria bem na raíz
vamos lá

Alegria muita paz e esperança
na esperança de fazer tudo melhor
e será


Alegria o meu nome é união
e povo unido é beleza mais maior

Totalmente atrasado, segue texto pro dia dos pais. Sempre que ouço essa música que abre o post, me vem à cabeça a relação pai e filho(a). Não sei se porque o velho Gonzagão e Gonzaguinha, reza a lenda, não se davam tão bem; não sei se porque meu pai me ensinou a ouvir Luiz Gonzaga de pequena ou até porque o Nego se emociona sempre lembrando do pai quando ouve o véio rei do Baião. O que importa é que essa música é linda, Luiz Gonzaga e Gonzaguinha são a fina flor do sertão pernambucano e Pai é o que há de melhor.

O meu além de uma doçura incrível, é o que pode se chamar de um cara honesto. E dentre todas as lições que ele me ensinou, a maior foi a do bom-caráter. De feição, sou a cara dele, dos ombros largos à sobrancelha farta.

No meu Painho farta pouca coisa. Sobra mais. Sobra mais amor, mais esperança, mais alegria, mais carinho, mais honestidade, mais uma barriguinha linda e muito, muito conhecimento. Não é porque é meu pai não, mas é assim. Orgulho do mundo todo.
Desde sempre me lembro dele lendo. Não tem dia esse que ele não leia pelo menos umas duas horas. Foi assim, pelo conhecimento, pelas palavras e pelos meandros da economia que ele venceu.

Desde pequeno o menino do cabeção gostava de estudar. A velha Ignez, sem grana pra comprar caderno assim bonito feito o nosso, feito os que normalmente a gente usa, fazia um caderninho com papel de pão. Aquele papel que o pão vem enrrolado, sabe? Pois foi nesses papéis escuros que meu pai aprendeu a lição. Aprendeu tão certinho e com tanta luta que se formou, pegou uma carona no avião da FAB e migrou aqui pro Recife. Na época, o mestrado da UFPE era o melhor do Brasil. Com uma mão na frente e outra atrás, contando o dinheiro pro ovo e pro pão, meu velho entrou no mestrado aqui e logo virou professor.

Claro que pra ele um mestrado era muito pouco e então resolveu fazer mais outro e ainda um doutorado, esses últimos nos Estados Unidos. Foi aí que grande parte da minha infância se deu nesse país. E aí, depois de uns cinco invernos, muita leitura e carne moída, voltamos. Ele, claro, voltou a dar aula e segue fazendo isso desde então.

No caminho dele, a estrada dos primeiros 25 anos foi dura, mas ele sempre veio, como o Gonzagão, sorrindo com fé e alegria, apaixonado pelo seu povo. Os outros 30 anos estão sendo bem menos cruéis. E é com a aula e com suas pesquisas que ele acredita fazer a parte dele para um mundo melhor. Certo ele.

Quero muito que meus filhos aprendam com ele a lição. Espero que a filha que um dia devo ter, que por sinal se chamará Inês em homenagem à mãe dele, minha vozinha linda, aprenda com ele que as palavras levam você pra frente na vida e que a honestidade, o bom caráter são valores básicos e incontestáveis. Eles podem aprender também que pato no tucupi é um dos melhores pratos do mundo e que um beijinho, um cheiro e um abraço nunca é demais.

Para Painho, da sua filhinha (dito com sotaque paraense)

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Ói a tricolor no blog do santinha!!! (tão amostrada, a bichinha...)

Uma tricolor nas brenhas da Espanha - Por Carolina Vergolino



Estou eu andando nas brenhas da Espanha, quando dou de cara com esse estádio. A cidade chama-se Santo Domingo de La Calzada. O time lá é tricolor. Acho que se juntar o povo odinho da cidade e colocar dentro do nosso Arrudão aqui, não enche em a metade do estádio. Que luxo o nosso né? Ter essa torcida imensa, um mar de gente em três cores, maior do que uma cidade.

Temos sim que ter futebol, quem não faz leva, o lateral isso e o meia aquilo. Enfim, um monte de assunto que eu não entendo nada. O que eu sei é que o povo vibra, a massa fica louca e quando é gol o coração fica se bulindo mais rapidinho e o chão treme. Isso é bom demais.

Confesso ter passado alguns anos torcendo para outro time. Era só o famoso motivo para beber com os meninos da faculdade. Minha mãe ficava indignada, já que meu avô era Santa, muito Santa Cruz. Mas virei a casaca de volta, graças. Honrei a memória do meu avô que vivia de roupa de linho branca, tinha a pele preta e o coração vermelho!

www.blogdosantinha.com

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Criar raiz

Já faz um tempo que tento cultivar flores, mas nunca dava certo. Fazia de tudo. Regava todo dia, conversava, afofava a terra e sempre elas morriam. Domingo descobri que estava matando elas afogadas. Tava regando demais, cuidado demais. Toma pra tu!

Fui com Mainha (exímia jardineira) lá no Brejo, perto da antiga Fábrica da Kinitos lá pras bandas da Guabiraba. Lá as plantinhas são mais baratas e mais bonitas. Seu George, que devia ter pressão alta de tanto que suava, riu da minha experiência (ou falta de) em jardinagem e disse: “não pode regar todo dia não, fia; só três vezes na semana”.

Assim, me toquei que planta é feito gente. Se regar demais, afoga! Tudo demais, dá de menos. Se uma dia coloco água, no outro não. E de vez em quando, só de vez em quando e de surpresa, uma terrinha nova. Conversar pode sim, todo dia. E se sair flor novinha, pode até elogiar. Agora regar, regar mesmo, só dia sim, dia não.

Para todos os meus amores e minhas 3 roseirinhas novas e a gardênia.

Na carreira
Chico Buarque
Pintar, vestir
Virar uma aguardente
Para a próxima função
Rezar, cuspir
Surgir repentinamente
Na frente do telão
Mais um dia, mais uma cidade
Pra se apaixonar
Querer casar
Pedir a mão

Saltar, sair
Partir pé ante pé
Antes do povo despertar
Pular, zunir
Como um furtivo amante
Antes do dia clarear
Apagar as pistas de que um dia
Ali já foi feliz
Criar raiz
E se arrancar


Hora de ir embora
Quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir
Arte de deixar algum lugar
Quando não se tem pra onde ir


Chegar, sorrir
Mentir feito um mascate
Quando desce na estação
Parar, ouvir
Sentir que tatibitati
Que bate o coração
Mais um dia, mais uma cidade
Para enlouquecer
O bem-querer
O turbilhão


Bocas, quantas bocas
A cidade vai abrir
Pruma alma de artista se entregar
Palmas pro artista confundir
Pernas pro artista tropeçar


Voar, fugir
Como o rei dos ciganos
Quando junta os cobres seus
Chorar, ganir
Como o mais pobre dos pobres
Dos pobres dos plebeus
Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus
Obs.: eu ouço outra coisa sem ser Chico, eu juro!!!