quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Overdose de alegria

Na última quinzena estive deveras ocupada com o mundo da publicidade. É a parte da minha labuta que muitas vezes acho fútil e boba, ainda mais quando vem acompanhada de gente muito mesquinha, cheia de milindres, sarcasmos e veneno. Mas quando isso começa eu penso logo em Deus (mesmo) e fico concentrando o juízo para não perdê-lo.

Um dos raros dias de folga calhou bem num sábado ensolarado. Eita que coisa boa, que energia linda e quantas cores reluzem num sábado de sol nessa cidade. Botei logo meu biquíni, que agora é de laçinho (acho que isso é o início da fase balzaquiana, colocar biquíni de laçinho sem ligar muito pras gordurinhas). Pois bem, lá vou eu linda e loira sozinha pra praia. Logo começo a ligar pras amigas praieiras e rapidamente formamos um mulherio à beira-mar.

As conversas vão embaladas pela cerveja, ondas e pela alegria que parece estar entranhada nas pessoas que vão à praia. Pra mim é um dos melhores programas da cidade. Adoro ver a quantidade de gente se divertindo e o outro pedaço divertindo as pessoas - batalhando pra ganhar a vida. Nesse quesito Tuba é o campeão.

Ele, junto com suas 14 piscinas de plástico, dois baldes, um ajudante e sua filha me fazem acreditar que o mundo está aí pra quem quiser, que de fome ninguém morre, que o importante é ter força e correr atrás, ganhar a vida honestamente. Sim, também que não tem publicitário que chegue aos pés da criatividade de Tuba: ele aluga piscinas por hora na praia de Boa Viagem onde não se pode tomar banho de mar por conta dos TUBArões. Ele monta a piscina, o ajudante vai pegar a água do mar, que é devidamente peneirada para não ter sargaço, e sua filha anota a hora e local do negócio numa folha de papelão. Na hora combinada, ela volta pra fazer a cobrança e normalmente a gente fica mais um tempo. Nessa brincadeirinha, Tuba deve aumentar a renda familiar em uns cem contos por finde.

Lembrei de Tuba porque pra mim ele é o ícone da alegria na praia, ele e Tia Júlia, barraqueira da melhor qualidade do primeiro jardim. Enfim, no sábado a que me refiro, não encontrei Tuba, mas me diverti deveras. Achando pouco a alegria praieira, resolvi ir pro campo de futebol. Jurava que seria uma overdose de alegria. Não fosse o Santinha ter entregue a vitória no final, não teria problema ter chegado num estádio um tanto quanto vazio, sentar do lado do sol e tomar cerveja frevo. Num foi uma overdose não, mas foi de bom tamanho, do tamanho que deveria ser e que me encheu de força pra agüentar mais uma dura semana de gente pequena e nefasta.