sábado, 26 de maio de 2007

Amanha, Santiago: é o fim do caminho

Águas de março - na versao Tom e Elis!


É pau, é pedra, é o fim do caminho

é um resto de toco, é um pouco sozinho

é um caco de vidro, é a vida, é o sol

é a noite, é a morte, é um laço, é o anzol


é peroba do campo, é o nó da madeira


caingá, candeia, é o Matita Pereira


É madeira de vento, tombo da ribanceira


é o mistério profundo


é o queira ou não queira
é o vento ventando, é o fim da ladeira
é a viga, é o vão, festa da cumeeira
é a chuva chovendo, é conversa ribeira
das águas de março, é o fim da canseira


é o pé, é o chão, é a marcha estradeira


passarinho na mão, pedra de atiradeira

Uma ave no céu, uma ave no chão
é um regato, é uma fonte
é um pedaço de pão

é o fundo do poço, é o fim do caminho
no rosto o desgosto, é um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego
é uma ponta, é um ponto
é um pingo pingando

é uma conta, é um conto

é um peixe, é um gesto
é uma prata brilhando
é a luz da manhã, é o tijolo chegando


é a lenha, é o dia, é o fim da picada
é a garrafa de cana, o estilhaço na estrada


é o projeto da casa, é o corpo na cama
é o carro enguiçado, é a lama, é a lama


é um passo, é uma ponte
é um sapo, é uma rã
é um resto de mato, na luz da manhã
são as águas de março fechando o verão


é a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho

é um resto de toco, é um pouco sozinho
é uma cobra, é um pau, é João, é José
é um espinho na mão, é um corte no pé
são as águas de março fechando o verão
é a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
é um resto de toco, é um pouco sozinho
é um passo, é uma ponte
é um sapo, é uma rã
é um belo horizonte, é uma febre terçã
são as águas de março fechando o verão
é a promessa de vida no teu coração


É pau, é pedra, é o fim do caminho
é um resto de toco, é um pouco sozinho


É pau, é pedra, é o fim do caminho
é um resto de toco, é um pouco sozinho

Pau, pedra, fim do caminho
resto de toco, pouco sozinho

Pau, pedra, fim do caminho,
resto de toco, pouco sozinho

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Quando eu penso que nada mais vai acontecer...

Meu povo, faz tempo que nao atualizo nÉ? É que andei pelas brenhas da Galicia e mal e mal tem uma cabine telefonicapra ligar a cobrar pro Nego... Mas os dias foram conturbados. Tem muita coisa, ia dividir em dois, mas vai um mesmo. Quem quiser, le né?

Assim, na noite que postei o ultimo texto estava em Vega, num albuergeu delicia de brasileiros. Tinha comido feijao e arroz no jantar, dormi sozinha num quarto, delicia! Ai no outro dia de manha, acordei e segui pro Cebreiro. Subir lá nao é um negocio, digamos, simples. Uma subida miserável. De baixo eu olho uma montanha lá em cima e nela tem feito uma nuvem parada e pensei que nao seria possível ser alí, será? Claro que era né? Fiquei rindo da minha própria desgraça mas pelo menos andei, literalmente, nas nuvens.

Lá no Cebreiro tem casas imitando as que os celtas moravam. Adorei, as portinhas bem pequenas. Acho, quer dizer, acho nao, tenho certeza que tenho o biotipo dos celtas, me senti em casa ahahah. Como eu ainda ia andar muito, resolvi almoçar por la. Entrei num restuarante, tocando musiquinha celta... Ai a garçonete me pede pra sentar com um senhor que também estava só. Ok, fazia umas 4 horas que nao falava com ninguém e aceitei de bom grado a proposta.
O senhor tinha lá seus 70 anos, parecia um lord ingles, mas era mexicano. Ele vinha desde Le Puy (ou seja 1600km) e assim como eu, estava bem pertinho de Santiago. Do Cebreiro pra Santiago so faltavam 150km! O almoço foi maravilhoso, Guilherme com seu humor sarcástico me fez rir muito. Parecia um avó e uma neta conversando. Ao invés de fazer um blog, ele resolveu gravar num gravadorzinho suas experiencias no caminho. Umas das coisas foi uma cançao que umas freirinhas lá da frança cantam, cançao de santiago. Aqui ninguem conhece, lindo, lindo. Ele pediu pra que eu cantasse alguma coisa e eu cantei com minha voz rouca pra ele guardar um pedacinho daquele momento pra vida toda dele. Lindo.

Aí sigo eu para o meu destino final do dia. Vou por um caminho lindo, cheio de montanhas e me sinto a propria Julie Andrews em a Noviça Rebelde! Ai chego no meu albuergue e: lotado. A mulher me oferece uma barraca de camping. Ok, mesmo pq eu nao andaria mais 100m. Quando chego na barraca, xixi e pêlo de cachorro. Ai é demais né minha senhora? Tudo bem que a pessoa resolve tirar férias pra andar feito uma condenada, fazer bolha no pe, dormir com ronco e etc, mas dormir com xixi de cachorro já é demais! O pior é que quando vc quer brigar, so sai em portugues! Enfim, deixo a doida pra la e pego uma caronete pra outra cidade.

Chegando lá, uma túia de brasileiros! Oba! Ai, como de praxe, vou abrir a internet e bomba. Sabe aquela mulher, a Marcia, que eu disse que era parte da minha família aqui? Pois bem, neste dia recebo um email do outro brasileiro (aoutra metade da familia), dizendo que ela dormiu e nao acordou. Morreu. Nao pude crer. Como uma pessoa que tava tao feliz, tao livre, uma criatura que tem 2 filhos pre-adolescentes pra criar, uma criatura que tava cheia de planos dorme e nao acorda? Na hora nao conseguia nem chorar. Eu passei muito tempo com ela aqui e aqui tudo é muito intenso, ficamos muito amigas...

Vou me tremendo pro quarto e conto pros brasileiros que tratam logo de me encher de alegria. Um bom vinho, um bom queijo e um bom papo e a noite chega (sim pq ela so chega aqui às 22h30). Quando vou dormir, rezo e choro por Marcia, pelos seus familiares, pela seus filhotes que sao lindos... Enfim, fazer o q? Uma tristeza sem fim...

Mas como diria Chico e Toquinho, a vida é pra valer, é pra levar. Entao no outro dia, levanto e sigo com os brasileiros. Eles foram uns anjinhos pq me encheram de força e alegria pra continuar essa caminhada. Ja estávamos chegando perto dos ultimos 100km! Andei com eles quase 25km e cheguei num albuergue fofo. NO meio do nada, nao tinha nada a nao ser vacas, vacas e vacas. E coco de vaca, claro.

A galera resolve fazer ainda mais 18km. Eu nao ia aguentar, mais de 40km por dia pra mim era muito. Com muita pena e um medinho danado, fico lá, sozinha. O coraçao apertadinho, apertadinho. Entro na pousada da Carmen e me sinto na casa da minha avó. É uam casa de 1700 com fotos nas paredes, cheirinho de limpeza, uma delicia. A minha cama ficava abaixo da janela que tinha uma cortininha branca bordada e uma florzinha rosa na sacada, o cenário esquentou um pouco o coracaozinho. Sim porque naquela hora quase mando tudo às favas. Tava muito triste e o que eu queria mesmo era pegar uma aviao direto pros braços, pro abraço do meu Nego e chorar pela Marcia.

Tomo banho e fico um pouco na cama com aquele cheirinho de coco de vaca que tem nas fazendinhas... Resolvo descer para o comedor e aí Pedro, o marido de Carmem (a dona), me presenteia com seu sorriso banguelo. Aí um parênteses. Pedro tem um bom padrao de vida, sua camisa, por exemplo, era Lacoste, mas a saúde bucal na Espanha é um negócio, no minimo, estranho. Ele nao é o primeiro banguelo que eu vejo...

Enfim, Pedro, sua banguelice e simpatia ajudam a aquecer meu coracao. Ele me dá um livro de uma brasileira que fez o caminho há algum tempo e passou 15 dias ali com Carmem e os seus. Vivendo aquela vida da fazenda, cortando batata, lavando e plantando. Vivendo naquele lugar que o tempo parece que parou. O fim do livro era muito triste, enfim, toque a chorar em pleno comedor. Ai Pedro me poe uma taça de vinho da Rioja e me faz sentar numa mesa com 3 espanholas aqui da galicia. Conversamos muito. 3 Gallegas loucas. Somos as ultimas a comer, depois de 3 garrafas de vinho!

Fiquei com vontade de passar uns 2 dias ali, vivendo aquilo. Mas aquilo nao é a minha vida. Como diria o Nego: volta logo pra casa, pro nosso caminho e pros que virao! Isso ele só disse hoje, mas foi exatamente assim que eu me senti naquele dia. No outro dia acordei uns 20kg mais leve e saí cedinho pra começar a contagem regressiva até em Santiago.

Cheguei no marco que dizia que so faltavam 100km! Que alegria. Olhei pra pedra, bati nela assim como quem diz que é mais forte, sabe? Aí um cara, de nao sei de onde faz a mesma coisa, olha pra mim abre um sorriso e me dá um abraço! Enfim, estamos perto e somos fortes! Sigo e ele fica la, olhando para a pedra...

Agora a cada 500 m tem essa contagem regressiva. Muito bom! Dá força pra andar mais. POis bem, ontem eu tinha programado andar 32km mas quando chego no 26, meu joelho esquerdo começa a fisgar. Muito. A cada 10 passos, uma fisgada danada. Ai, nao. Me senti Rubinho Barrichello!!! Nao, de jeito nenhum. Resolvi parar para me poupar.

Ai parei num albuergue, novamente no meio do nada! No meio do nada quer dizer uma igrejinha romanica, umas 5 casas de pedra, um albuergue, uma maquina de coca-cola e muitas vacas! Chego e faço como tada vez: tomo banho, organizo minhas coisas, dou um cochilo e ai vou beliscar alguma coisa pra dormir. Quando estou no bar fazendo essa ultima coisa antes de dormir, chegam as 3 gallegas. Era 19h30 da noite e elas ainda iam para uma cidade a 6km dali. Ligaram para a pousada e ainda tinha uma vaga. Era a minha. Prontamente arrumo todas as minhas coisas. O povo no quarto do albuergue nao entende nada. A louca vai sair 20h da noite?
Exatamente. Feliz da vida andamos das 20h30 às 22h. Quando chegamos no albuergue, começa um toró inacreditável! Novamente a minha cama fica embaixo de uma janela. Ao invés da flor, durmo com a luz do relâmpago e com a forte percussao dos trovoes, da leveza dos pingos, do cheirinho de coco de vaca e com uns roncos, é claro.

Hoje andei 27km e só faltam 50km! Que alegria. A galicia é linda e estou feliz. Amanha quando começar a contagem regressiva de 50km pra baixo, vou começar a ficar verdinha (risos), pq to me achando a própria Incrivel Huck. Espero chegar na catedral antes da missa do botafumeiro, que é domingo às 12h! Vamos ver se da tudo certo né? Porque aqui, ninguem sabe.

As gallegas disseram que pisar em merda de vaca dá sorte. Entao estou com 100km de sorte aí na vida hein! E sabe o que mais? Aqui na galicia tem uma musica popular da Carolina. Parece um côco! Diz que na saia da Carolina tem uma lagarta e quando ela dança a lagarta se balança... Eu mostrei minha tatuagem, que também dança! Pois que dancemos, a Carolina e sua lagarta, pelos caminhos da Galícia, de Santiago, das estrelas e da vida!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Quem lhe disse que eu era riso sempre, nunca pranto

Meu povo nao sei se foi a vontade de chorar que tive ontem e nao o fiz, nao sei se foi a chuva que se anunciava e finalmente caiu, mas hoje chorei. Pense que chorei. Eu tava andando (claro) no meio de um vale lindo e ai coloquei o mp3 e tava aquela musica Samba pra Vinicuis com TOquinho e Chico.

A chuva lavando meu rosto, aquele vale lindo, a letra dizendo que a vida nao gosta de esperar, a vida é pra valer e que a vida é pra levar e me deu uma vontade imensa de chorar. Claro que nao perdi a oportunidade e chorei. Chorei por bem meia hora, andando e chorando.

Chorei de saudade. Das minhas avós, de Angelito, de Keka, do meu sogro que nem conheci, de Sandra, de Tia Fátima... Chorei de alegria de ter tanta gente legal ao meu redor. Chorei de melanciolia, minha vida passou como num filme. Chorei de felicidade das minhas pernas nao estarem mais doendo tanto e das bolhas nao estarem mais me aperriando. Chorei de ver aquela natureza toda, daquele vale bem grande. Acho que também chorei de felicidade de nao ter que subir ele (pelo menos por enquanto eheheheh). Chorei porque um casal de peregrinos na minha frente tava andando de mao dada, fiquei emocionada com aquele amor. Chorei de orgulho por faltar menos de 200 km e eu já ter andado mais de 300...

Fiquei lá repetindo a musica (adoro fazer isso). E chorei mais um tanto. Até que cansei. Ficou so a chuvinha geladinha batendo no meu rosto, mas nao tinha mais lágrimas nao...Depois coloquei o mp3 novamente no ouvido e tava tocando Oh Happy Day! Heheheh. Ai fiz o que há uns dias nao fazia: dancei uma dança improvisada, de todo o coraçao...


Samba pra Vinícius
(1982)
Samba
Música e letra: Toquinho e Chico Buarque



Poeta, meu poeta camarada
Poeta da pesada,
Do pagode e do perdão
Perdoa essa canção improvisada
Em tua inspiração
De todo o coração,
Da moça e do violão, do fundo,
Poeta, poetinha vagabundo
Quem dera todo mundo fosse assim feito você
Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer,
A vida é pra levar,
Vinícius, velho, saravá


Poeta, poetinha vagabundo
Virado, viramundo,
Vira e mexe, paga e vê
Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer
A vida é pra levar
Vinícius, velho, saravá
A vida é pra valer
A vida é pra levar
Vinícius, velho, saravá

domingo, 20 de maio de 2007

E fico eu com cara de Bambi na frente dos gringos

Cara de Bambi é como eu e minha mae ficamos quando a gente chora. O que é bastante normal (risos) com mulheres tao piegas como nós... Segue email que recebi hoje de D Teca, linda... A letra da música, é do Rei Roberto Carlos! (como diria Joao Baltar, vai te f%&$, Roberto Carlos).
Recife, domingo 20 de maio
Hoje na missa pensei e rezei muito por você, pelo seu caminho. Pra completar, Pe. Edwaldo resolveu cantar essa música (abaixo) no final da missa. Tive que respirar bem fundo e pesar em outra coisa para não sair da Igreja com aquela cara ridícula de Bambi!
Mas decidi mandar a letra pra você porque me lembrei também de uma coisa: lembra uma vez que eu fui pegar seu pai no aeroporto, ele não conseguiu chegar e estava o maior alagamento na Imbiribeira e eu consegui passar com meu celtinha branco? Pois, antes de me enfiar feito uma louca na água eu pedi a Nossa Senhora de Nazaré que estendesse o manto pra eu passar, porque era o jeito. O manto eu não vi, mas acho que senti, porque passei milagrosamente.
Assim, quando seu pé tiver doendo muito, seu joelho, seu corpo, quando você tiver muito cansada, peça a ela pra pegar na sua mão e lhe levar um pouquinho, que ela leva.
Nossa Senhora (1993)
Roberto Carlos - Erasmo Carlos

Cubra-me com seu manto de amor
Guarda-me na paz desse olhar
Cura-me as feridas e a dor
Me faz suportar
Que as pedras do meu caminho
Meus pés suportem pisar
Mesmo ferido de espinhos
Me ajude a passar

Se ficaram mágoas em mim
Mãe, tira do meu coração
E aqueles que eu fiz sofrer
Peço perdão

Se eu curvar meu corpo na dor
Me alivia o peso da cruz
Interceda por mim, minha Mãe
Junto a Jesus

Nossa Senhora me dê a mão, cuida do meu coração
Da minha vida, do meu destino
Nossa Senhora me dê a mão, cuida do meu coração
Da minha vida, do meu destino, do meu caminho
Cuida de mim

Sempre que o meu pranto rolar
Ponha sobre mim suas mãos
Aumenta minha fé e acalma
O meu coração

Grande é a procissão a pedir
A misericórdia, o perdão
A cura do corpo e pra alma
A salvação

Pobres pecadores, oh Mãe
Tão necessitados de vós
Santa Mãe de Deus
Tem piedade de nós

De joelhos aos vossos pés
Estendei a nós vossas mãos
Rogai por todos nós, vossos filhos
Meus irmãos

Nossa Senhora me dê a mão, cuida do meu coração
Da minha vida, do meu destino
Nossa Senhora me dê a mão, cuida do meu coração
Da minha vida, do meu destino, do meu caminho
Cuida de mim

sábado, 19 de maio de 2007

Quem disse que pra baixo todo santo ajuda?


Quem inventou isso com certeza nao estava a pé! Podia estar numa ladeira querendo pegar o carro no tranco, podia estar de bike pra nao pedalar, podia estar no skate, o que for, mas a pé essa criatura nao tava nao! Descer dói demais os pés, o joelho, tornozelo. Dói tudo.

Hoje foi rojao. Quase 35km, vale ressaltar que passando os Montes de León. Aí era a gente indo e a chuva atrás. Sabe aqueles trovoes? Aqueles que ve (ouve) em filme? Eh tao alto, tao grande, que nao da nem pra ter medo, pq se for pra ter, tem que ter muito! A gente nos Montes de León e o leao rugindo atrás de nós mas gracas, a chuva nao nos alcançou. O bom é que o clima ficou muito bom pra andar, sem sol muito forte. Lindo esse lugar, mas nenhuma foto ficou assim legal.

Bem, subimos cerca de 600m e descemos mais mil, ou seja estou mais estrupiada ainda. De lá de cima, quando vi o tanto que a gente tinha que descer, deu vontade de me transformar numa bruxa. Pensei em invocar as almas das bruxas que foram queimadas por essas bandas, na inquisiçao. Pedir para elas transformarem meu cajado em vassoura, minha toalha nojenta de bebe em capa e voar! Dá muita vontade de voar...


Depois de toda essa descida, como presente, me dei uma noite num hostal. Sozinha. Que delicia, vou dormir muito. Um quarto só pra mim? Nem posso crer... Os 15 euros mais bem aplicados de toda a minha vida.

Pois bem, no início achei que nao fosse chegar e fiquei pedindo pra alguma coisa legal acontecer, sei lá. Qualquer coisa pra me dar ânimo, porque eu tava com os pes doendo já no início. Mas o pior é que é assim mesmo, quando esquenta é que pára de doer mais um pouco. O meu presente foi que o sol nao esquentou muito e apareceu um senhor, um professor de Sevilla. Esse cara, de nome totalmente normal (ufa!), andou comigo boa parte do tempo. Uma simpatia, Ricardo. Acaba que o dia foi mais rápido pra nós dois.


Fora passar por um monte de cidadezinhas que estao ressurgindo com a peregrinacao, mas que em grande parte ainda estao em ruínas, a gente passa pela cruz de ferro. la as pessoas colocam recadinhos, fotos, como ex-votos. Tinha uma bandeira do Brasil e eu coloquei um recadinho também, que nao ia perder a oportunidade né? Quem nao fala, Deus nao ouve.

No mais, muito cansaco. Estou em Ponferrada, terra dos templários. Tem um castelo, de verdade ahahahah. Fui a uma exposicao, mas to com preguica de escrever, tá? Segue fotos minhas trelando no alto da igreja, as ruínas, os recadinhos e é isso. Torçam por mim que ja apareceu mais 2 bolhas e meu joelho esquerdo ta doendo muito. Mas é que hoje foi pau! Xero pra todos.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Valiente!


Pessoal, hoje estou numa cidade completamente medieval. Chamada Rabanal del Camino, tem 60 habitantes e 4 albuergeus (hoteis). A cidadezinha voltou a existir por conta do ressurgimento da peregrinacao no caminho.

É assim: o pastor Pelayo descobriu os restos de Santiago no ano de 813. A noticia correu e a partir de 840 começaram as primeiras peregrinacoes. Ai tome gente a vir, e as cidadezinhas começam a nascer, muita ponte e hospital (que é só do que peregrino precisa). Por conta da peste e das guerras, no século XV, começa a decadência do caminho. Um arcebispo chega até a esconder os restos de Santiago por 300 anos com medo de um ataque. A partir do século XVIII alguns peregrinos de coragem (o que é uma redundância) começam a fazer o caminho novamente. Mas muito tímido ainda. Em 1867, no dia 25 de julho, dia de Santiago, só 40 gatos pingados estavam na catedral. Enfim, a partir dos anos 80, o papa Jopao Paulo II visita Santiago e depois Paulo Coelho escreve seu livro e ainda o governo dá uma forcinha transformando as velhas escolas rurais em refúgios para os peregrinos. O resultado é que no primeiro ano Santo (que é quando o dia de Santiago cai num domingo) desse século, 179.944 pegaram a compostela. Para quem nao sabe, a compostela é um documento que atesta que vc fez o caminho, a partir dos carimbos de cada lugar que vc vai. Isso tudo é pra dizer vcs saberem a quanto tempo rola essas andanças por aqui.

Nessa cidadezinha que estou tinha um monte de hospitais. Hoje nao tem nenhum, so albuergues, mas deveria ter porque eu, pelo menos to lascada. Acho que depois de tantos dias andando o corpo começa a penar. Nem a parada lá de um dia deu jeito. Hoje costurei o pe pela primeira vez (se der tempo ponho a foto). Costura e bolha e deixa a linha dentro pra nao criar outra. E estou com alguma reacao alérgica na mao que ta toda pipocada e coça e arde. Fora as dores normais nos joanetes e musculos. Toda estrupiada, a menina. Acho que agora começa mesmo a parte peregrina da história, a parte da dor.


E acho que meio pra me preparar pro que começa a se anunciar, coisas inusitadas aconteceram. Lembra aquela missa que eu disse que assisti, lá em granon? Pois bem, a missa foi como eu disse, muito, muito bonita. O padre fez a bençao em diversas línguas e disse: preparem-se voces nao serao os mesmos depois desse caminho. Falou que muitos peregrinos vem pela festa, outros pelo corpo, outros por turismo, mas que nao importava, a alma de cada um ia mudar. Todo mundo diz isso mas fico achando viagem, sabe? Confesso que esqueci esse meu sentimento e fiquei realmente emocionada com as palavras lá do padre de grañon. Nessa mesam missa tinha uma freira... Depois fomos dormir ao lado da igreja, que era um anitgo hospital de peregrinos. Aí lá vamos nós dormir nesse lugar super acolhedor mas que, confesso, fiquei meio com medinho. Imagina quanta gente se curou, mas tb quanta gente nao morreu na idade média ali naquele lugar. Mesmo com essas caraminholas na cabeça e os roncos nos ouvidos, dormi. Acordei, despedi-me dos brasileiros e peguei um onibus de grañon pra santo domingo, de lá pegaria um pra burgos e depois outro pra león.


O onibus pra Burgos atrasou uns minutos e senta um senhor espanhol ao meu lado. Um velhinho SUPER alegre. Conversa, ri me fala com sao os Riojanos, que sao alto astral e tudo. Um gamela, tirou onda do meu cajado, - es una vara muy larga para ti, chica!! Pense num velho gamela, tirador de onda. Disse que no dia anterior, por conta da festa na cidade, tinha feito farra até às 3h30 da manha, mesmo com seus 75 anos. Enfim, o velho de uma simpatia sem igual. Ai ele me pergunta meu nome e de onde venho. E eu digo Carol, Brasil. Tu pareces una portuguesa, chica! E eu pergunto o nome dele: Jesus (guardem bem, Jesus).

Aí sigo pra burgos, de la pra león. Quando chego em Leon vou la pro monastério benedictino de las hermanas cabajalas. Assisto uma missa linda, toda cantada por elas, com aqueles orgaos imeeeensos e tal. Ai quando acaba a missa, uma freirinha, aquela lá da missa de grañon que eu disse num desses parágrafos acima, me reconhece. Fala comigo e pergunta se ta tudo bem, de onde eu sou e diz pra ter muita fe no caminho e na vida. Diz tudo aquilo com um olhar... Uma coisa muito forte. O nome dela é Pietá...

Aí saio pra caminhar nas ruas de Leon e pergunto a um senhor onde esta a catedral e acaba que ele me acompanha, pra mostrar. E tome o povo a falar com ele pelas ruas, as lindas ruas de León, por sinal. E eu penso que to andando com um vereador, sei la o q. O cara é padre. Vôte, é a religiao fechando o cerco.

E ainda nos últimos dois dias encontrei uma senhora super legal, mais perdida do que nem sei. O engraçado é que funcionei meio como anjinho dela. Toda vez que ela tava perdida, eu achava ela. Impressionante! Sabe o nome dela? Pilar, como la Virgen, chica, que nos acompaña pelo camino.

Valei-me. Contei tudo isso pro Nego e ele perguntou o que eu tinha entendido da história. Até agora nao entendi nada nao, mas to esperta! Fico só um pouco impressionada e to procurando força nesses acontecimentos. Cumapdre, fico lembrando da tua frase, força na peruca ahahaha, fico rindo sozinha.

Por falar em sozinha, to me achando o máximo. LEmbra num dos primeiros textos que eu disse que nao ia so nem a servserv? POis bem, ontem fui comemorar aniversario de casamento com meu Neguinho num jantar chiquerrimo. Coloquei meu vestido de festa (que me serve como camisola, roupa pra frio e tudo mais), minha linda havaianas e fui jantar no Hotel e Reastaurante Gaudi, em Astorga. Chique toda. Tomei sozinha metade da garrafa de vinho, comi um ensalata mista, um pescado e uma tarta de chocolate! Brindei ao nosso amor e fui dormir feliz da vida.

Estar só me dá outro status aqui no caminho. Acaba que todos os peregrinos ficam meio cuidando de vc. Sabem se vc chegou ou nao, se vc esta bem. Todo mundo pergunta com quem estou e digo: sóla! E todos respondem Valiente, muy valiente! Eu nao tava achando muito nao, mas acho que nos proximos dias sentirei o peso da valentia e da coragem. Ai vou me lembrar do olhar incrível de Pietá, o sorriso largo de Jesus e da disponibilidade de Vicente (o padre) e chego, com força na peruca, em Santiago!

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Isto é....


...saudade e por hoje é só.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Santo Domingo: toureiros, tricolores e vinho tabelado (oba!)!


Galeras, estou eu com minha trupe de brasileiros andando, até que chegamos a Santo Domingo de La Calzada. Cidade do interior de La Rioja. Aqui vale um adendo. OS vinhos de La Rioja sao o que há. Já tomei de toda qualidade. Nao vejo nem o rótulo da frente, tem um rotulo especial de La Rioja que pra mim já vale. Tomei até um artesanal que nao tinha rótulo algum e foi maravilhoso. Vale ressaltar que tudo tabelado (risos) 3 euros. Os ultimos dias foram de afinar o sangue.

Sim, voltando. Logo na entrada de Santo Domingo dou de cara com o "estádio" do time local. Qual minha surpresa: somos tricolores!! Hum já saquei que essa cidadezinha vai ser o que há. Nao tínhamos nem programado parar aqui mas... A gente pára onde quiser, nao tem isso de ter que fazer nada. Estamos de férias. Peregrinando, turigrinando, que seja, a gente faz o que quer.

Ai era o dia do santa da cidade. Santo Domingo, claro. Entao já que tem quermesse, bora ficar. Arranjamos um chaozinho num albuergue e ficamos por lá. Fomos na Catedral. Linda, lá tem sempre um casal de penosas lindas num altar. Reza a lenda que se o galo cantar na hora que você entra na catedral, você tem sorte pro resto da vida. Bem, quando entrei o galo deveria estar fazendo a siesta dele porque nao rolou nem uma piadinha de nada. Entao tudo aqui é o tal do galo e Santo Domingo que foi uma criatura que dedicou boa parte dos seus 90 anos a melhorar a rota para os peregrinos. As galinhas entram na história por conta de um milagre atribuído ao santo. Salvaram um peregrino e responderam aos pais que procuraravam o filho "tu hijo está tan vivo como la gallina que me estoy comiendo", resultado galinha aqui virou peça de igreja.

Pois bem, depois da parte religiosa lá vai a gente pro profano. Eu pensava que o que ia rolar era tipo uma vaquejada. Quando entramos, era uma Tourada. Sim, daquelas que matam os pobres tourinhos. Ai, que agonia. O povo fica lá gritando mata-le!! O povo torcendo pro toureiro e a gente pro touro. Toma, bem feito, covarde, eram nossos gritos de guerra! Teve uma hora que nao aguentei mais e fui saindo, ai um senhor pega no meu braço e diz: fica, es muy bonito!. Deus me livre e guarde meu senhor, respondo em bom portugues (risos).

Recebemos uma aula do porteiro sobre o assunto. Sim, porque a gente ficava quse na saida pra hora de matar o touro a gente poder se esquivar. Descobrimos que aquela tourada era fuleira. Os toureiros eram aprendizes e que consequentemente, se chamavam novilheiros. E que cada touro daquele custou uns 2 mil euros e em touradas grandes chega a 35 mil euros! E que hoje em dia eles estavam bem bonzinhos, que uma veterinária ficava lá pra olhar o grau de ruindade. Se passar das regras, se maltratar muito o touro, rola multinha braba! Bem, na cabeça da gente nao dá pra entender direito, mas vamos lá respeitar os costumes de cada qual. Teve um novilheiro que se saiu muito bem e ai toda a arquibancada levanta balançando os lencinhos e ele ganha: a orelha do touro! ECA!!! Ah, tah bom disso, vamos tomar vinho de la Rioja que é o que há!

Sim, hoje nao vou andar. É a parte que vou pular. Agora estou em Burgos e já já vou a León. A foto na fonte foi em Grañon onde tem um albuerge massa, um antigo hospital de peregrinos. Um hospitaleiro gente da melhor qualidade onde fizemos um jantar comunitário e na Igreja teve uma missa super emocionante para os peregrinos. Também hoje me despedi dos meus amigos brasileiros e voltei a ficar só, só, somente só... Hum deu uma saudadinha deles. Foram meus pais aqui nesse caminhozinho de meu Deus. Gente que a gente leva pro resto da vida! Xero Armando e Marcinha

Beijos para todos e valeu pelos recadinhos, é um carinho danado que vou levando no caminho.

sábado, 12 de maio de 2007

Mae é feito saco de dormir


Aqui no caminho, saco de dormir é essencial. Todo mundo tem. É ele que identifica a tua cama no albuergue, é ele que te protege do frio e dos roncos e é ele que te abraça à noite, te esquenta. Tem gente que leva dentro da mochila, tem quem pendure, mas uma coisa é certa, todo mundo cuida do seu (ou pelo menos deveria).

Mae é assim. Durante 9 meses carrega aquele serzinho dentro do saco de dormir dela, literalmente. E depois durante toda a tua vida está ali pra te esquentar, pra te proteger, pra te acalmar. Pode vir o frio que vier, ela vai estar preparada pra te abraçar e te acalmar, é só o filho se deixar abraçar. E como elas adoram quando os filhotes curtem isso, o dengo, o abraço...

A minha mesmo é assim. Maezona com todas as letras. graças! É pra ela que eu conto tanta coisa... É ela a pessoa com quem eu mais conto. Ela sempre esteve e estará pronto para tudo o que a nossa familia precisar. Seja morar fora, segurar ondas de grana, cuidar de menino e de neta, esconder ovos de páscoa, ouvir hino nacional de chorar, transportar cobra, criar macaco, brigar se for preciso... É uma gatinha carinhosa pra dar dengo e uma onça pra defender a cria. Tenho assim um amor tao grande que nao sei nem explicar. É tanto orgulho, admiraçao que o coracao chega fica assim, se bulindo mais rapidinho.

To aqui Maezinha, agradecendo a Deus por vc existir e rezando pra gente ter bem muita saúde pra rir e chorar (se preciso for) juntinhas até a gente fica bem velhinha. Te amo, D Teca, feliz dia das maes pra tu! E pra minha sogrita tb e pra todas as maes!!!

Hoje foi piegas demais né? É que eu sou assim mesmo. Sim, no mp3 nao rolou nada, rola da cabeçca mesmo. É aquela música do dia das maes que Pe. Romeu cantava na Igreja da Torre. " MInha maezinha qeurida, maezinha do coraçao, é sua essa valsinha, com muita emoçao... oh minha mae , minha santa maezinha, eh o tesouro que eu tenho na vida..." e por ai vai (nao lembro da letra direito):

Hoje achei uma internet grátis! Que nao eh radiola de ficha e deu pra baixar algumas fotos. So sao fotos dos ultimos 2 dias pq so rolou na minha maquina. A dos outros dias foram na maquina de mamae (vale ressaltar, que eu quebrei...).

P.s.: Nego, tenho visto muitas cegonhas nas torres das igrejas(ve os ninhos ai na foto). Será que isso quer dizer alguma coisa (ui papai ahahaha - me aguarde ahahahah)!

Aqui ninguem tem, todo mundo é


Quando eu tava me lascando hoje no sol, já meio sem folego, rezando para depois da subida ter uma descida e bem pertinho dela ter uma cidade, fiquei pensando qual a graça desse negocio aqui.

Porque a pessoa dorme mal com os roncos, acorda com as pessoas falando alto as 5h da matina, toma um desayuno fuleiro que vc comprou no mercado no dia anterior, vc coloca seus pes que doem bastante detro de uma bota e sai pra andar. Ai vc leva sol e chuva, sobe e desce, carrega a mochila, fala com uma pessoa aqui e acolá, toma água da fonte com gosto de pedra. Depois de uns 25 a 30km chega no destino do dia e ve que ainda tem umas centenas de km pra chegar...

Entao vc vai para o albuergue rezando pra que tenha lugar pra vc dormir naquele quarto com o povo roncando. O bom é que geralemnte tem e vc tem que pagar, claro, mas é baratinho... Vc toma banho num banheiro cheio de gente e lava sua roupa e torce demais pra que ela fique seca. Ai vc sai pra comrpar o que comer e beber e é super mal atendido. Vc vai na internet e num instante acaba. Ai vc come, toma um vinho (geralmente maravilhoso) e ai vc vai dormir pra comecar tudo novamente.


Quem le assim pensa porque danado as pessoas pagam passagem de varios lugares do mundo e gastam grana e sofrem e dizem que foi maravilhoso...

Bem, eu to quase na metade (do que eu vou fazer, vou ter que pular uns 100km) e tenho algumas teorias (risos). Primeiro todo mundo aqui é igual. Se tem um, um pouco diferente, mais abastado (digamos), esse paga hotel e pega taxi e vc nem vê. Todo mundo que fica nos albuergues tem os mesmos problemas e prazeres. Todo mundo dorme igual, come pao dormido colocado debaixo do braçp, todo mundo lava sua roupa e torce pra ela secar. Quase todo mundo carrega a mochila nas costas (há quem pague 7 euros pra deixar no proximo destino), todo mundo tem dores e bolhas. Uns mais, outros menos. E todo dia, todo mundo faz a mesma coisa: anda. Uns mais, outros menos, mas anda. Eu acho que isso dá uma paz, sei lá , uma tranquilidade, sabe? Voce nao precisa fazer nada pra ser melhor ou pior, vc nao precisa provar nada pra ninguem, vc é igual, a unica coisa que muda é a lingua.

Depois tem a questao da natureza. Eu misturo a natureza com o divino. Sao flores lindaaassss, diversos tons de verdes, o cantarolar alegre dos passarinhos e até o cantar do Cuco (sim, aquele do relogio) que anuncia a chegada do sol. Tem as borboletas e seus traçados no ar, a água dos riachos, a força das pedras no chao, as plantacoes de trigo dançando ao vento. É muita natureza e é lindo. Tem as partes bem bucólicas com os carneirinhos (aqueles que contamos pra dormir)a travessando os pastos. Ai vc ver toda essa beleza dá uma energia danada. Voce se sente parte daquilo, sabe?

Mesmo nao sendo, nao nascendo ali, vindo do outro cantinho do mundo, mas vc faz parte de tudo aquilo, do todo. Voce ouve a natureza e se ouve tambem e descobre tantas coisas.

Ai tem também o desapego às coisas materiais que se exerce o tempo todo aqui. Na verdade vc fica dando mais valor a tudo. O que vc ja tem e se pergunta se vc precisa ter mais do que aquilo. Pq eu fico achando que a gente fica so se preocupando demais com ter, ter, ter. As x sem muita necessidade, sabe? Pq, por exemplo, tudo que eu preciso aqui eu to carregando nas costas. No Recife, claro é diferente, mas com certeza nao se precisa de tanto...

É como se vc visse que ralando, penando, como e quanto a gente é feliz. A gente fica com a nocao do que ja faz a gente feliz e sao coisas tao simples...