quinta-feira, 26 de julho de 2007

Que meninice é essa que você quer preservar?

Sou mais riso, mais verdade e mais brincadeira. Sou a que não quer ser levada tão a sério, quero puder dizer besteira. Sou uma pessoa aprendendo a andar. Quero jogar, correr e cair.... e levantar.

Quero dizer eu te amo sem maiores conseqüências e quantas vezes essas três palavrinhas não se agüentarem mais no meu coração que tenham que sair pela boca. Sou leveza.

Quero ser eu mesma. Sou a que diz o que pensa com uma sinceridade sem fim, quero verdade. Quero sentar na grama e ouvir. Até conversa fiada. Sou amiga de subir em árvore. Sou aquela menina branquinha, de bochecha rosada, cabelo bem preto com dois pitós e pirulito na boca.

Quero sempre essa meninice dos seis anos, mesmo com vinte e lá vai chumbo.

As minhas meninas


Semana passada vi o documentário sobre Paulinho da Viola. Aquele senhor podre de chique e de uma doçura sem igual, termina dizendo: meu tempo é hoje, eu não vivo no passado, o passado vive em mim.

Ai pausa né? Com uma frase dessa a pessoa pára um pouquinho, pensa um tantinho... e...segue. No mesmo dia que ouvi essas palavras, fui a um encontro com as minhas primas (que da minha idade mesmo, são as únicas). Primas do coração porque nossos pais são amigos de coração e alma. Crescemos juntas. Vive em mim esse passado. Lembro de muita coisa. De longas férias e finais de semana em enseada dos golfinhos, de dormirmos nas casas das outras e lembro dos encontros bestas dos nossos pais que tínhamos que ir e achávamos o máximo.

Quando éramos pequenas tínhamos uma brincadeira que chamávamos “daquela brincadeira”. Que era só nossa, cumplicidade total. Viramos adolescentes e ainda assim todas sabíamos quem gostava de quem, dos primeiros beijos e otras cositas más. Os amores foram grandes, as fofocas também, as conversas intermináveis no quarto de cada uma, depois se mudaram para uma mesa de bar. E a cumplicade sempre imensa, mesmo.

Com a frase de Paulinho lá vou eu ao nosso programa. Fomos visitar a caçula de nós três. Acabou de casar. Eu, a do meio, acabei de voltar dessa viagem que vocês bem sabem e a mais velha acabou de ter neném. Cada qual com o seu presente. Cada qual no seu presente e todas nós nos reencontrando com o passado que mora na gente e que faz da gente tão íntima. Conversamos, tomamos vinho, conversamos mais. Colocamos nossas fofocas em dia e ficamos assim vivendo nosso presente com o passado que existe na gente.

Para Juliana, Mariana e pra João
Mais Chico!!!
As minhas meninas
Olha as minhas meninas
As minhas meninas
Pra onde é que elas vão
Se já saem sozinhas
As notas da minha canção
Vão as minhas meninas
Levando destinos
Tão iluminados de sim
Passam por mim
E embaraçam as linhas
Da minha mão

As meninas são minhas
Só minhas na minha ilusão
Na canção cristalina
Da mina da imaginação
Pode o tempo
Marcar seus caminhos
Nas faces
Com as linhas
Das noites de não
E a solidão
Maltratar as meninas
As minhas não

As meninas são minhas
Só minhas
As minhas meninas
Do meu coração

terça-feira, 10 de julho de 2007

Suburbano coração

Diz o pai dos burros que suburbano quer dizer aquele que mora no subúrbio ou ainda, que tem ou revela mau gosto. Bem, gosto cada qual tem o seu. No gosto que no caso é meu, suburbano me dá um sentimento de alegria incrívi. Para mim aquele que mora no subúrbio é forte, alegre e de uma simpatia sem fim. É essa a visão de subúrbio que mais me toca.

O cotidiano do meu trabalho me leva sempre sempre aos subúrbios da cidade. Essa é a parte que mais gosto dessa labuta. Falar com essas pessoas e ver como elas vivem. Gosto mais da zona norte, dos morros da zona norte. Claro que não sou uma doida romântica que anda admirando tudo como se não houvesse violência e desonestidade. Eu me cuido, mas não me intimido.

Domingo não foi o trabalho que me levou à paróquia do Vasco da Gama, mas compromissos familiares. O paradeiro foi um casamento coletivo, às três da tarde. Eram vinte e seis casais que estavam lá oficializando, no religioso, as suas uniões que já existem há algum tempo. Casais que já são casados, ajuntados, casando “perante os olhos de Deus”.

Tinha noiva de véu e grinalda. Tinha noiva de luva, brilho no cabelo, maquiagens absurdamente cuidadas. Todas preparadas com um esmero sem igual. Tinha noivo pequeno, grande, novo e velho, tinha inclusive um bebo. Fiquei imaginando o imenso emaranhado de histórias que existem em cada um daqueles casais. Histórias de vida, de amor, dos filhos que muitos já têm. E fiquei feliz porque acredito que o núcleo familiar é a salvação desse nosso Brasil e se esse povo que já é casado, tá casando, ta ratificando o amor, aí deve ter uma família.

Segue essa música de Chico que eu adoooooro

Suburbano Coração
Quem vem lá
Que horas são
Isso não são horas, que horas são
É você, é o ladrão
Isso não são horas, que horas são
Quem vem lá
Blim blem blão
Isso não são horas, que horas são

A casa está bonita
A dona está demais
A última visita
Quanto tempo faz
Balançam os cabides
Lustres se acenderão
O amor vai pôr os pés
No conjugado coração
Será que o amor se sente em casa
Vai sentar no chão
Será que vai deixar cair
A brasa no tapete coração

Quando aumentar a fita
As línguas vão falar
Que a dona tem visita
E nunca vai casar
Se enroscam persianas
Louças se partirão
O amor está tocando
O suburbano coração
Será que o amor não tem programa
Ou ama com paixão
Mulher virando no sofá
Sofá virando cama coração
O amor já vai embora
Ou perde a condução
Será que não repara
A desarrumação
Que tanta cerimônia
Se a dona já não tem
Vergonha do seu coração